A lei de 2017 que reformou todo o Ensino Médio do país tem data de implementação estabelecida – e obrigatória – para o ano de 2022. Isto quer dizer que no ano que vem os estados, e, por conseguinte, as escolas particulares e estaduais deverão começar uma transição complexa e duradoura. Isso em tempos diferentes, pois o próprio Ministério da Educação também enfrentou problemas na distribuição e no estabelecimento dessas novas diretrizes entre os estados.
Essa é uma reforma bastante esperada, tanto no sentido da inovação quanto na flexibilização. Por exemplo, o nome “disciplina” utilizado para designar uma matéria como matemática, português, será substituído por “área de conhecimento” e integrará, é claro, mais de uma matéria. Mais que uma mudança de nome, podemos pensar numa mudança de posicionamento ou mesmo numa atualização, pois o conhecimento “disciplinado” é herdeiro de outra concepção de aprendizagem que não vai ao encontro do nosso tempo nem da geração de alunos e alunas que está aí.
No sentido da flexibilização, pela primeira vez um percentual significativo de horas anuais de aula (e atividades complementares) será definido pelo aluno. Ou seja, o estudante criará seu itinerário formativo dando preferência a esta ou aquela área de conhecimento. O que parece muito interessante e bem vindo – esse protagonismo – levou anos para se firmar enquanto uma diretriz estabelecida em lei. Vale sublinhar também a mudança de orientação, que finalmente privilegia a escolha de quem está aprendendo e não de quem está ensinando, ou dos próprios órgãos governamentais que estabelecem os currículos. Por isso mesmo um dos princípios que governam a reforma do novo ensino médio é o protagonismo estudantil.
Os estados terão liberdade de construção dos seus currículos, contanto que inclusas todas as áreas de conhecimento, e o calendário continua sendo semestral ou anual, deixando aberta a possibilidade de calendários não serializados e até mesmo não anuais para as escolas, que são bastante inovadores e já estão por aí.
Os itinerários formativos são também mudanças bastante esperadas. Pela primeira vez na história do ensino médio brasileiro, cursos técnicos, profissionalizantes, de curta duração, dentre outras categorias, serão recepcionados no ensino-médio e poderão integrar-se nas horas anuais estabelecidas para período da formação escolar. Dito de modo mais simples, 30% (ou 1200 horas) do ensino médio terá essa flexibilidade de itinerário.
O MEC tenta responder ao desafio que as pesquisas mostram. Os alunos e alunas reclamam do ensino médio, e ele possui uma evasão alta por si só e se comparada às outras etapas de formação. Queixas como falta de sentido, falta de conexão com a realidade, tédio, dificuldade, são comuns para esta etapa, e há pesquisas mostrando dados muito negativos sobre o quadro geral do ensino médio (há um vídeo contendo as pesquisas mais recentes que pode ser consultado aqui).
A realidade da educação brasileira é o local chave para se impactar de maneira decisiva o desenvolvimento da sociedade. Essa realidade precisa mudar, pois ainda se encontra muito aquém dos níveis adequados de educação qualificada. A educação tem um efeito holístico e difuso na sociedade. O adolescente que hoje entende a sua formação como entediante pode não se dar conta que ela lhe propiciará oportunidades e modos de encaminhar essas oportunidades de maneiras completamente distintas às do cenário em que ele nunca tivesse passado por todos esses ritos de passagem (como a formação básica e o ensino superior). Não é uma relação linear, a do conhecimento, em que se aprende matemática para aprender a calcular, por exemplo. Ela é bem mais complexa e tem efeitos indiretos na vida de cada um, que muitas vezes levam mesmo anos para serem compreendidos.
O Educbank é uma companhia consciente disso, e manterá seu compromisso de transformar a educação do país com todo o recurso e energia disponíveis.
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