O ano de 2020 suspendeu por completo as atividades de todas as escolas do país. Um fato que ainda está sendo devidamente dimensionado, e cuja última ocorrência parecida no Brasil possui mais de um século, provavelmente. Um tipo de escolas em particular, as escolas de bairro, sofreram mais com esse fechamento. Elas não estão amparadas por grupos educacionais que assegurem financeiramente a passagem por uma crise econômica dessa magnitude, como foi e está sendo a crise deflagrada pela pandemia. Numa entrevista muito pertinente para nós do Educbank (nós voltamos a ela de tempos em tempos), o matemático Tadeu da Ponte, coordenador de processos seletivos no Insper e professor na área de métodos quantitativos, apontou uma diversidade de aspectos que fazem das escolas de bairro um setor crucial para o desenvolvimento da educação no país.
“Os estímulos que a criança recebe na primeira infância são cruciais para o desenvolvimento cognitivo e emocional. A criança receber estímulos adequados na primeira infância traz impactos até o ensino médio, até a vida profissional. O segundo ponto é o contato dessa criança com outras, que cria também estímulos para ela se desenvolver e aprender. Por mais que as escolas de bairro, pequenas, não tenham o prestígio ou porte das grandes, elas fazem um trabalho fundamental para o desenvolvimento infantil.”A atenção a ser dada às escolas de bairro nunca foi tão necessária, elas representam mais de 80% do mercado nacional (o dado é do SIEEESP). Ou seja, a maior parcela de escolas no país se encaixa nessa faixa sócio-econômica, e impacta seu entorno de maneira muito significativa. A iniciativa “Escolas transformadoras”, por exemplo, seleciona os projetos sociais dessas escolas para dar destaque e divulgar os impactos que eles conseguiram ter. O Professor Braz, por exemplo, com quem mantemos um diálogo e já entrevistamos aqui, é um dos ativadores desse projeto. Outra colocação do professor Tadeu em entrevista diz muito sobre a importância dessas escolas, e praticamente explica a razão de existir do Educbank:
“Uma escola de bairro de educação infantil é o sonho de uma pedagoga. Em geral, essa pessoa não é uma empresária que lida bem com as finanças, gestão, crise. É alguém que gostava de educar crianças, começou com um pequeno grupo, cresceu, tinha uma escolinha de 40 ou 50 alunos. Trabalhava num regime de caixa: arrecadava as mensalidades, pagava as despesas. Imagina o trauma dessa pessoa viver uma situação em que vê sua receita indo embora até o momento de fechar.”Outra pesquisa que está no nosso repertório é a que foi realizada pela “União pelas Escolas Particulares de Pequeno e Médio Porte”, um instituto criado durante a pandemia. Citada numa notícia do SIEEESP, a união diz que entre “30% e 50% dos colégios que têm de 150 a 240 alunos poderão sucumbir nesta crise.” Esse é um dado que nos entristece ao mesmo tempo que nos dá uma grande motivação para continuarmos nossa jornada de descoberta dessas escolas – e delas, de nós. Não pararemos enquanto todas souberem do nosso produto e souberem também o quanto fomos desenhados para apoiá-las, incondicionalmente. ]]>