O problema da evasão escolar no Brasil
Via de regra, a evasão escolar é considerada a partir do momento em que o aluno para de frequentar a escola em que estava matriculado. Isso pode acontecer por diferentes motivos, tanto no ensino público como privado.
Na educação básica, existe a evasão escolar de alunos que precisaram migrar de escolas privadas para públicas.
Bem como existe a desistência por falta de interesse ou motivada por questões relacionadas ao bullying e a gravidez inesperada.
Um dado que reflete bem esse cenário vem de uma pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), publicada em setembro de 2022, que afirma que 11% das crianças e adolescentes entre 11 e 19 anos estão fora das escolas no Brasil.
Isso significa 2 milhões de alunos longe das salas de aula. Diante desse cenário, a educadora e diretora acadêmica do Instituto Educbank, Dra. Lara Crivelaro, pontua que:
“A escola tem um papel social essencial quando se trata de potencializar vínculos sociais, desenvolver habilidades físicas e cognitivas e de tornar o aluno um agente social. Por isso precisamos repensar o modelo de escola que está sendo oferecido e analisarmos a evasão escolar como um problema social grave”.
Pensando nisso, esse texto busca contribuir com esse tema, apresentando o atual cenário, as principais causas e as ações que podem ser incorporadas pela gestão.
Portanto, se você, gestor escolar, chegou até aqui, esperamos que os tópicos seguintes o ajudem a identificar e controlar esse problema.
Boa leitura!
Mapa da evasão escolar no país
Não há como refletir sobre o atual cenário da evasão escolar no Brasil sem associá-lo ao acontecimento histórico que mais o potencializou na última década: a pandemia.
A crise sanitária e econômica que resultou no fechamento temporário (e definitivo, em alguns casos) de diversas escolas, impactou profundamente a educação básica.
Ao todo foram 267 dias com as escolas fechadas.
Segundo dados da Fundação Lemann, o Brasil foi o quinto país do mundo que ficou mais tempo sem atividades presenciais, apenas 23 dias a menos que o Panamá, que lidera o ranking. Como consequência desse período, podemos analisar os seguintes números:
- Um levantamento feito pela Todos Pela Educação, indicou que cerca de 244 mil crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos estavam fora da escola no segundo trimestre de 2021. Um aumento de 171,1% na comparação com o mesmo período de 2019.
- Já entre os jovens de 15 a 17 anos, segundo o mesmo levantamento, aproximadamente 407,4 mil alunos não concluíram o Ensino Médio.
- Outra pesquisa, desta vez realizada pela FGV Social, também indicou que os mais novos saíram mais da escola e retornaram menos aos bancos escolares.
E não para por aí!
Durante os dois primeiros anos de pandemia, quem liderou a evasão escolar, sem dúvidas, foi a rede privada.
Escolas privadas como líderes da evasão escolar
De acordo com o Censo Escolar, nesse período, as escolas particulares foram as que mais sentiram os impactos da evasão escolar.
Cerca de 1 milhão de estudantes deixaram as salas de aula, o que representa uma diminuição de 10% no número de matrículas. Grande parte desse número vem da educação infantil, com quase 600 mil alunos evadindo, sendo 298 mil na creche e 308 mil na pré-escola. Uma queda de 21% e 25%, respectivamente. Isso resultou em mais de 2,5 mil creches e pré-escolas fechadas em todo o Brasil. Diante desse cenário, não é difícil concluir que, naturalmente, houve uma migração em massa de alunos de instituições privadas para públicas.
Segundo relatório do Grupo Rabbit, publicado em 2021, estima-se que cerca de um terço dos estudantes de instituições particulares tenham migrado para ensino público.
Além de indicar que as escolas mais afetadas foram as de pequeno e médio porte, com até 180 alunos. As consequências dessa evasão são sentidas até hoje por gestores que, com muito custo, passaram por esse período.
Como resultado, observa-se um movimento onde escolas privadas buscam recuperar esse tempo investindo em soluções que as façam voltar a crescer.
Com apoio financeiro, a gestão escolar de muitas instituições já conseguiram restabelecer segurança e estabilidade financeira.
Mais a frente, iremos apresentar quais soluções são essas e como a sua escola também pode se beneficiar do principal apoio financeiro para escolas privadas da América Latina.
A evasão escolar no Ensino Médio
Como vimos acima, embora a pandemia tenha potencializado a evasão escolar nos últimos anos, esse é um problema que historicamente acompanha a educação no Brasil.
Tanto que não podemos deixar de evidenciar a etapa de ensino que há mais de uma década protagoniza grandes debates sobre esse tema: o Ensino Médio.
Em 2022, de acordo com o censo escolar, o Ensino Médio teve 347 mil matrículas a menos, o que corresponde a um percentual 5,3% menor que no ano anterior.
Além disso, o Anuário Brasileiro da Educação Básica 2020, revelou que apenas 65,1% dos brasileiros concluíram o Ensino Médio na idade esperada, até os 19 anos.
Bem como indicou que 12% dos brasileiros com idades entre 15 e 17 anos estão fora das salas de aula. O Ensino Médio concentra as maiores taxas de abandono, reprovação e atraso escolar.
Para mudar esse cenário, em 2017, a Lei nº 13.415/2017 alterou as Diretrizes e Bases da Educação Nacional e determinou uma mudança geral na estrutura dessa etapa de ensino.
Essa nova estrutura entrou em vigor em 2022.
Agora, em 2023, continuará sendo implementada gradualmente, tendo como um dos objetivos principais diminuir a evasão escolar. De todo modo, uma vez que analisamos todos esses dados e compreendemos o mapa atual da evasão escolar no Brasil, resta-nos as perguntas:
Qual o papel da gestão escolar diante desse problema?
O que fazer para conter e reduzir a evasão escolar, em todas as etapas, nas instituições de ensino?
É sobre isso que iremos falar a seguir!
O papel da gestão no combate a evasão escolar
Ainda que não exista uma fórmula 100% validada, existem práticas que podem ser incorporadas pela gestão para amenizar esse problema e aumentar a retenção.
Pensando nisso, separamos 6 estratégias que podem ajudar a sua escola!
1. Acompanhe a taxa de evasão da sua escola
Para controlar a evasão escolar, antes, é preciso medi-la.
Estar próximo às famílias e atento aos indicadores é fundamental.
Normalmente, a evasão está atrelada aos seguintes fatores:
- Problemas financeiros;
- Falta de engajamento dos alunos e responsáveis;
- Desconexão dos conteúdos com os interesses dos estudantes;
- Dificuldade de aprendizagem;
- Bullying;
- Problemas de socialização;
- Gravidez precoce na adolescência;
- Relacionamento improdutivo entre escolas e alunos;
- Falta de atividades dinâmicas.
Além destes, existem os alunos que migram para escolas concorrentes.
É por isso que acompanhar os indicadores de evasão da sua escola ajudará a entender o que está motivando-a.
Identificar a raiz do problema é o primeiro passo para analisar quais ações farão mais sentido na sua instituição.
Hoje, você tem mapeado os principais motivos que fazem os alunos deixarem sua escola? A resposta dessa pergunta com certeza te ajudará a tomar as decisões certas para controlar esse problema.
2. Incentive o protagonismo dos alunos
Uma pesquisa realizada pelo instituto Educbank de Educação e Cultura e publicada em 2022 mostrou que, para 67% dos educadores, é preciso deixar de associar a qualidade de ensino com excesso de conteúdo.
Isso parte de uma nova visão em que muitos educadores acreditam que o aluno deve participar de maneira mais ativa no processo de aprendizagem.
Não apenas como alguém que frequenta as aulas todos os dias e anota o que está exposto no quadro. Mas como alguém que tem autonomia e confiança para colocar-se como protagonista do próprio aprendizado, participando ativamente dentro e fora da sala de aula.
Ao quebrar essa barreira, a escola passa a engajar e incentivar habilidades socioemocionais enquanto os alunos absorvem os conteúdos.
Com aulas dinâmicas, que chamam a atenção e conversam com a realidade desses jovens, de maneira que eles se sintam confortáveis em debater e expor suas ideias.
Nesse sentido, é importante ressaltar também que cada aluno precisa ser respeitado individualmente, entendendo as dores e necessidades de cada um.
De todo modo, ter como proposta metodologias que se preocupam e colocam o aluno no centro fará com que sua escola melhore a retenção e, consequentemente, pode reduzir a evasão escolar.
3. Reavalie a metodologia e proposta pedagógica
Em continuidade ao tópico anterior, para colocar o aluno nesse lugar de protagonismo, se faz necessário rever a proposta pedagógica atual da instituição.
Tanto que 66% dos gestores entrevistados pelo Instituto Educbank alegaram que planejar aulas mais práticas e que façam sentido para os estudantes é algo em que a gestão deve focar para melhorar a qualidade educacional.
É por isso que, nas palavras da Diretora Acadêmica do Instituto Educbank, Dra. Lara Crivelaro, “precisamos repensar o modelo de escola que está sendo oferecido”. Só assim estaremos mais próximos de uma resposta definitiva à evasão escolar.
4. Aproxime os responsáveis da rotina escolar
Outro dado revelado pela pesquisa do Instituto Educbank mostra que para 65% dos professores entrevistados, o envolvimento das famílias na educação é o principal tema a ser enfrentado pela equipe docente. Fortalecer o relacionamento entre a escola e a família para além das reuniões é algo que contribui positivamente para o desenvolvimento do aluno.
Isso porque aproxima os dois ambientes principais de formação dessas crianças e jovens.
Com uma comunicação próxima, tanto os pais quanto os professores podem compartilhar impressões e orientar em relação a aspectos emocionais e referentes ao aprendizado em si.
Adotar esse comportamento certamente influenciará a taxa de retenção dos seus alunos.
5. Construção de um espaço inclusivo
Construir um espaço inclusivo, que acolha e respeite a diversidade é outro ponto que merece atenção. É preciso construir ambientes escolares inclusivos, onde os alunos se sintam seguros e confiantes para explorarem e desenvolverem o melhor de si.
Não à toa a evasão escolar é, por vezes, reflexo de como o aluno enxerga a escola.
Problemas de socialização, bullying e outros aspectos emocionais são influenciadores que alimentam o desinteresse do aluno pela instituição.
Identificar e tratar problemas como esse, portanto, é papel da gestão escolar.
6. Invista em tecnologias que motivem os alunos
Como pudemos observar nesse texto, a pandemia da COVID-19 influenciou uma série de mudanças no setor da educação.
Sendo responsável pelo maior experimento de aprendizado remoto da história da educação básica no Brasil.
Sobre isso, a Diretora Acadêmica do Instituto Educbank, Lara Crivelaro, defende: “Em questão de semanas, resistências históricas ao uso de tecnologias digitais foram desfeitas; o mesmo valendo para os casos de ausência dessas tecnologias, os quais professores e gestores foram forçados a reconhecer e a dimensionar sua falta”.
Não há dúvidas de que usar recursos tecnológicos em sala de aula é algo que veio para ficar.
E quem diz isso são os educadores: 78% acredita que continuar integrando recursos tecnológicos como recurso pedagógico e democrático para educação é algo que não devemos mudar.
Sendo assim, investir nessas tecnologias de modo que elas conversem com a realidade do aluno, despertem o interesse e potencializem o aprendizado é uma tendência que também pode contribuir com a redução da evasão escolar.
Soluções que ajudam a reduzir a evasão escolar
Ao longo deste texto conseguimos perceber que a evasão escolar é um tema complexo, mas que precisa de atenção.
A educação básica está passando por importantes mudanças e tem buscado respostas diversas para questionamentos históricos.
É por isso que, no caso das escolas particulares, contar com o apoio de uma solução que garanta estabilidade e segurança financeira é tão importante.
As contas precisam estar em dia, o fluxo de caixa precisa estar positivo e a saúde financeira precisa estar bem.
Só assim a gestão conseguirá olhar com cuidado para temas como a evasão e conseguirá tomar decisões assertivas para contê-la.
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