Gestão democrática é uma abordagem que compartilha as decisões entre a direção, a equipe pedagógica, a família e os estudantes. Todos têm voz ativa em determinados aspectos, o que torna a escola um ambiente realmente colaborativo e de confiança.
Desenvolver essa cultura é um compromisso de longo prazo, que consiste em três etapas principais: criar canais de colaboração, mantê-los ativos e, o mais importante, implementar as ações e melhorias que surgem nessas discussões.
Este artigo apresenta o conceito, como ele pode ser incorporado na gestão de escolas particulares e quais são os caminhos que você, enquanto gestor, pode seguir para tornar a sua instituição um ambiente mais plural.
O que é gestão democrática e como se aplica em escolas
A gestão democrática é um modelo de administração que valoriza a participação coletiva. O modelo propõe que diretores, coordenadores, professores, famílias e estudantes participem ativamente da construção de escolas.
O objetivo é criar espaços de aprendizado autônomos e transparentes. Seu princípio norteador é um processo de tomada de decisão descentralizado, no qual todas as partes discutem e opinam antes da aprovação.
No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) estabelece a gestão democrática como um dos princípios fundamentais da educação básica na rede pública.
Os benefícios da gestão democrática em escolas
Quando aplicada em escolas, resulta em maior engajamento e colaboração da comunidade acadêmica. Além disso, proporciona benefícios como:
- Maior senso de pertencimento;
- Responsabilidade na manutenção da escola;
- Maior confiança por parte das famílias;
- Mais engajamento dos professores com o projeto pedagógico;
- Cria canais de comunicação transparente;
- Facilita a inovação;
- Cria um ambiente de maior bem-estar para os profissionais da escola.
Em escolas particulares, ao longo do tempo, tudo isso se converte em benefícios diretos, como redução do turnover de professores, maior retenção de alunos e melhor percepção de valor por parte dos pais e responsáveis.
Ações para promover uma gestão democrática na escola
No cotidiano, a gestão pedagógica se baseia nos espaços de comunicação da comunidade escolar.
Vários canais podem ser implementados – inclusive, é muito provável que a sua escola já tenha vários deles.
Entre as principais, temos:
- Conselho escolar, com representantes da direção, professores, funcionários e famílias;
- Assembleias, com encontros periódicos com toda a comunidade escolar;
- Grupos de trabalho, formados por profissionais da escola para debater questões específicas, como projetos pedagógicos, eventos, projetos de reforço escolar, entre outros;
- Comissões permanentes, para discutir temas que são sempre importantes, como sustentabilidade, diversidade ou inclusão;
- Grêmios estudantis, para que alunos possam comunicar as suas demandas diretamente à direção;
- Pesquisas e consultas participativas, como formulários de NPS, pesquisas de satisfação, entre outras;
- Reuniões com os pais, realizadas com frequência para entender suas demandas e apresentar as ações de desenvolvimento da escola.
Cabe à gestão gerenciar toda essa estrutura. É importante ter canais variados, mas sem sobrecarregar as pessoas. Se isso acontecer, as agendas passam a ser vistas como um compromisso chato, o que limita a expressão e reduz a qualidade geral do encontro.
Uma das formas de evitar esse marasmo é construindo a pauta de forma conjunta, comunicando previamente os temas que serão discutidos e abrindo o espaço para colaborações. Quando possível, use canais de comunicação assíncrona para isso, como os grupos de WhatsApp.
Como envolver as famílias na vida escolar?
Manter as famílias engajadas é um processo em dois passos. Primeiro, entender os obstáculos que dificultam uma participação mais ativa. E, em segundo lugar, elaborando convites cuidadosamente, com discussões que realmente as interessam.
Ter a presença das famílias de forma ativa é mais desafiador do que parece. E não é por falta de interesse delas – a rotina de muitos pais e responsáveis é simplesmente muito intensa, o que dificulta a participação em assembleias e reuniões.
A falta de tempo é o obstáculo mais comum, mas a falta de comunicação, a sensação de que a escola “já chegou com tudo decidido” ou de que as discussões não são produtivas também podem gerar um certo afastamento.
Para romper essas barreiras, você deve:
- Oferecer diferentes formas de participação, inclusive as não presenciais;
- Adaptar o horário dos encontros;
- No caso das reuniões gravadas, disponibilizar em vídeo (ou ao menos um resumo ou transcrição);
- Definir pautas sucintas para os encontros, evitando que se estende muito;
- Informar com clareza o objetivo e a pauta de cada convite;
- Valorizar a escuta e as sugestões dos pais, mesmo que sejam feitos fora das reuniões;
- Dar retorno sobre as decisões, explicando quais já se concretizaram e quais ainda estão em pauta.
Como alinhar a gestão democrática ao Projeto Político-Pedagógico
As práticas de gestão democrática da sua escola devem ser registradas no PPP. Isso as torna, de fato, oficiais, e não ações isoladas de uma gestão específica, que pode mudar daqui a alguns anos.
Comece documentando as ações que você já realiza, como os conselhos e as reuniões com os pais. Explique a composição, a frequência de reuniões, o escopo das discussões e detalhe o envolvimento da comunidade, entre outras informações relevantes.
Depois, planeje as ações que você quer implementar daqui em diante. Para cada uma, monte uma estrutura semelhante, para dar norte à execução.
Em seguida, detalhe como são escolhidos os representantes para cada reunião, se há rotatividade entre eles e qual é a responsabilidade de cada um.
Feito isso, basta organizar a redação para incluir na próxima versão do PPP. Neste momento, especifique também um prazo para revisar as práticas de gestão democrática e os indicadores a serem utilizados para avaliar o sucesso. Para não perder o hábito, inclua representantes da comunidade escolar nestas discussões.
A gestão democrática é um processo de longo prazo
Nenhuma cultura se constrói do dia para a noite. Menos ainda aquelas que envolvem participantes com perspectivas e interesses tão distintos. Embora isto seja desafiador, também é a maior força da gestão democrática: a construção de um ambiente que reflete os valores de todos aqueles que constroem a escola.
É um projeto de longo prazo que fortalece a sua gestão, fideliza as famílias e engaja os profissionais.Se você quer aprofundar ainda mais seus conhecimentos sobre as principais práticas de gestão escolar, acompanhe os materiais do Instituto Educbank. Por lá, compartilhamos guias, entrevistas, pesquisas, entre outros ativos que apoiam gestores educacionais de escolas de todos os portes.