Recentemente, foi divulgada na mídia a iniciativa da Educbank de viabilizar o pagamento de mensalidades escolares através de duas criptomoedas, Bitcoin e Ethereum. O uso de criptomoedas como meios de pagamento pode ser uma inovação no Brasil, mas já existem precedentes ao redor do mundo. A Wharton School, da Universidade da Pensilvânia, anunciou em outubro deste ano que passará a aceitar pagamentos em criptomoedas de seus alunos. Mas, por que aceitar criptomoedas para o pagamento de mensalidades é uma inovação?
Em primeiro lugar, porque revela cada vez mais o grau monetário das criptomoedas. Isso não é algo evidente por si mesmo, é algo que está sendo construído e não é simples de entender. Moedas precisam desempenhar funções – e desempenhá-las bem: a de reserva de valor, a de unidade de conta e a de meio de troca, por exemplo. Reserva de valor é aquilo que retém valor ao longo do tempo. Itens perecíveis nunca poderiam ser reserva de valor. Diferentemente do ouro, um bem escasso e de longa duração que funciona como uma boa reserva de valor.
Por unidade de conta, uma moeda funciona como métrica para a estipulação de valor. Como saber quantos quilos de alimento podem ser comprados com uma hora do seu trabalho? Moedas nos respondem a essa pergunta ao estabelecerem uma métrica comum – o preço, seja ele em dólares, euros, reais, etc. Moedas são unidades de conta nacionais que, enquanto grandes convenções sociais, expressam o valor de bens e serviços na economia. Por fim, moedas funcionam como meios de troca. Moedas são dadas em pagamentos por aquilo que está à venda. Apesar de ser uma boa reserva de valor, o ouro não é um meio de troca tão eficiente, pois não é facilmente fracionável para pequenos pagamentos.
Nesse sentido, é possível pensar na “monetariedade” de um determinado ativo – isto é, quão bem um determinado ativo desempenha as três funções que esperamos que uma moeda desempenhe. O pagamento de mensalidades escolares com criptomoedas vem, então, do reconhecimento da monetariedade cada vez maior desses ativos. Se Bitcoin, Ethereum e outras criptomoedas já são primordialmente compreendidas como uma forma de reserva de valor, sua aceitação ainda encontra um longo caminho pela frente. Ela depende da difusão e da adoção das outras duas funcionalidades monetárias: a aceitação de criptomoedas como meio de troca e unidade de conta.
Em segundo lugar, uma maneira de ser pensada a aceitação de criptoativos como uma inovação é o de facilitar a vida dos responsáveis financeiros dos alunos e alunas. Se do lado da escola a garantia de inadimplência zero permite aos gestores se concentrarem na busca por mérito acadêmico, do lado das famílias a aceitação de criptomoedas adiciona mais uma alternativa na escolha da forma de pagamento e aumenta a liquidez de reservas de valor alternativas ao real, nossa moeda nacional.
Além de liberdade, esta opção pode também gerar tranquilidade – algo associado à função monetária de reserva de valor. Afinal, qual é a vantagem em se ter parte do patrimônio em outras moedas? A compra de uma moeda X é uma aposta em face da perda de valor da moeda Y. Se o real perde seu valor ao longo do tempo em decorrência, por exemplo, da inflação, manter reservas em outras moedas mantém esta parte do patrimônio a salvo desse processo de desvalorização.
Somente através da inovação é possível mudar uma sociedade. O Educbank está alinhado a esse princípio, em uma busca contínua por inovações que beneficiem escolas e famílias em prol da educação.
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