A evasão escolar pode acontecer por vários motivos na rede particular. Pode ser por necessidade, como um problema financeiro ou um cenário de crise, ou por alguma frustração com a proposta pedagógica da instituição.
Muitas vezes, nem mesmo o investimento em ensino e estrutura é o suficiente para garantir a permanência dos alunos. Isso porque as famílias também avaliam a proposta da escola, sua relação com ela e se enxergam valor no investimento.
A partir disso tudo, podem procurar alternativas e tirar os filhos da escola particular. Neste caso, vão para a rede pública ou para outra instituição privada.
Neste artigo, apresentaremos as principais causas, consequências e soluções para que você possa preparar estratégias mais eficientes de retenção de alunos.
Os motivos que levam os pais a tirar os filhos da escola particular
As causas da evasão podem ser externas, relacionadas à situação da própria família, ou internas, com origem na experiência dentro da escola. Enquanto gestor, você deve entender ambos os casos para antecipar riscos e ajustar estratégias.
Queda na renda familiar
Quando o orçamento aperta, o custo com a escola particular passa a ser questionado. Períodos de desemprego, crise ou endividamento simplesmente fazem a mensalidade pesar demais nas contas. Assim, mesmo que haja interesse, fica inviável manter os filhos matriculados.
O risco de evasão aumenta se a instituição não oferecer alternativas de renegociação ou condições flexíveis de pagamento.
Falta de comunicação
A relação entre a escola e as famílias depende da comunicação. Se os pais sentem que não são ouvidos, que seus feedbacks não são levados a sério ou que não há transparência, se distanciam. O ápico desse distanciamento é a não-renovação da matrícula.
Falhas na adaptação digital
Este foi um problema que atingiu muitas instituições na época da pandemia. Diversas instituições simplesmente não conseguiram traduzir a mesma qualidade do ensino presencial para os ambientes remotos.
Após a pandemia, esse efeito permanece. Muitas famílias preferem escolas mais modernas, preparadas para lidar com metodologias mais avançadas, como o ensino ativo. Quem não acompanha essas evoluções pode ficar para trás na percepção dos pais.
Falta de identificação com o projeto pedagógico
Esta é uma insatisfação que cresce ao longo do tempo. Se o colégio não se alinha aos valores que a família deseja transmitir aos filhos, ela pode buscar outras opções.
São casos comuns as divergências em relação à disciplina, papel das habilidades socioemocionais no currículo, enfoque acadêmico, entre outros aspectos.
O problema pode ser causado por falta de comunicação ou ser resultado de um processo ineficaz de captação de alunos.
Bullying e problemas emocionais
Aqui, é bem óbvio: em casos de bullying, os pais podem tirar o filho da escola.
Não significa que qualquer caso de problema emocional resulte em evasão. Mas, se acontecer, as famílias esperam posturas rigorosas para corrigir o problema, além de suporte total para lidar com as consequências.
Quando isso não acontece, a mudança pode ser vista como a melhor saída.
Acesso a alternativas mais vantajosas
Muitas vezes, a evasão é “estratégica” para as famílias, digamos assim. Por exemplo, se a família se mudar, é mais prático estudar mais perto de casa. Ou, em caso de instabilidade financeira, passar um tempo na rede pública de ensino.
Nesses casos, não há uma insatisfação propriamente dita. Escolas que comunicam bem a sua proposta de valor estão mais protegidas desse cenário. Mas, dependendo da causa, não há muito que a gestão possa fazer.
As consequências para as escolas particulares
A evasão escolar pode gerar um efeito em cadeia que compromete a sustentabilidade da instituição no longo prazo.
Redução de receita
Este é o efeito mais imediato: se o aluno sai, é uma mensalidade a menos no caixa. Com a saída de vários, o impacto se torna ainda mais significativo. Há até casos em que isso inviabiliza certos projetos ou investimentos em expansão.
Perda de reputação e confiança
Quando uma família sai sozinha, raramente o problema se resolve internamente. Comentários em redes sociais, conversas entre pais e avaliações públicas podem construir uma imagem negativa da escola.
A visão de que a gestão não escuta, não acolhe ou não consegue resolver problemas abala a confiança. Isso pode levar pais que estão “em cima do muro” a tomarem a decisão de também tirar seus filhos da instituição.
Dificuldades de captação e retenção
Saídas frequentes criam instabilidade tanto para as famílias quanto para a sua equipe. Famílias que estão escolhendo passam a questionar se vale a pena pagar a mensalidade. E quem já está matriculado repensa se vale a pena continuar.
Para lidar com esse cenário, você precisará investir mais em comunicação e marketing, o que fica bem mais difícil quando a evasão já causou impactos visíveis.
Como prevenir e combater a evasão em escolas particulares
Reduzir a evasão exige uma abordagem proativa, empática e estratégica. Você deve entender por que as pessoas estão saindo e montar seu plano a partir daí. Veja abaixo as principais ações a se considerar.
Reforce o vínculo com as famílias
Mantenha um relacionamento próximo com os pais para entender do que eles gostam e do que não gostam. Adapte o seu planejamento de acordo para reduzir o descontentamento.
Crie canais reais de escuta, como grupos de WhatsApp e reuniões com as famílias. Assim, a escola deixa de ser apenas prestadora de serviço e se torna parceira.
Invista em comunicação
Comunique-se de forma direta e clara com os pais e alunos. Evite usar mensagens genéricas, como aquelas criadas por Inteligência Artificial. Aposte em personalização e mostre que você realmente presta atenção nas famílias.
Além disso, invista em ferramentas que facilitem esse contato próximo, como plataformas de CRM, aplicativos próprios, reuniões presenciais e equipes de atendimento.
Ajuste a sua proposta de valor
Cada família precisa entender por que você é a melhor escola para os seus filhos. Apresente os seus diferenciais com clareza, em site e redes sociais, e mostre que você de fato está entregando aquilo que promete.
Também é importante adaptar o currículo, envolvendo projetos complementares, voluntariado, entre outras ações que se alinham às expectativas dos pais.
Seja flexível nos pagamentos
Durante uma crise, políticas flexíveis de pagamento podem ser o fator decisivo para manter o filho matriculado. Pense em planos progressivos de descontos, renegociação de débitos, programas de bolsas de estudo e descontos para quem pagar em dia.
Ofereça sensibilidade, mas considere o impacto financeiro das decisões. Antes de elaborar essas políticas, faça as contas junto da sua contabilidade, para não sair no prejuízo.
Favoreça o bem-estar dos alunos
Desenvolva políticas claras de prevenção e combate ao bullying e ofereça apoio socioemocional para os estudantes. Comunique estas ações claramente para os pais de forma consistente e, acima de tudo, preventiva. Não adianta falar do assunto só quando acontece algum problema.
Transforme riscos em oportunidades
Em alguns casos, a evasão em escolas particulares pode ser evitada. Famílias que sofrem um baque financeiro às vezes precisam apenas de um tempo para se recuperar. Avalie cada situação e, quando possível, flexibilize pagamentos.
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